Sob nova direção

Movimento do Luto à Luta é o novo responsável pela tenda no Calçadão de Santa Maria

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A tenda da Praça Saldanha Marinho, que abriga, em seu teto e em suas paredes, as fotos daqueles que perderam a vida na boate Kiss, está sob nova direção. O espaço, que foi montado pela Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) em abril, agora é administrado pelo Movimento Santa Maria do Luto à Luta. A mudança ocorreu há duas semanas e um dia. De espaço de orações e vigílias pelos mortos, o local se tornou a representação física da luta por justiça.
- A associação nos passou a tenda porque não tinha mais gente e tempo para cuidar. Mas nós, do Luto à Luta vamos permanecer lá, pelo menos, até o final do processo judicial. A tenda é o símbolo do protesto - afirma Carina Mignon, integrante do grupo que assumiu espaço.

Conforme Adherbal Ferreira, presidente da AVTSM, o que houve foi que, em função da organização do 1º Congresso Internacional Novos Caminhos, promovido pela associação para marcar o primeiro ano da tragédia, o espaço foi cedido aos integrantes do Luto à Luta:
- Eles também são pais e podem cuidar da tenda. Não vamos deixar de estar presentes. A tenda não foi abandonada pela gente.  

O novo perfil do espaço deixa evidentes as divergências entre os grupos de pais que discordam sobre quais são as melhores formas de reagir ao incêndio que tirou 242 pessoas em 27 de janeiro do ano passado. Para a AVTSM, que tem como premissa cobrar a justiça, mas que tem foco na saúde emocional das pessoas, o ideal seria congregar todos. Para o Luto à Luta, o melhor caminho parece ser a divisão.
- Estamos (o Luto à Luta) tomando uma posição diferente. Continuamos sendo parceiros porque somos pais e sentimos a mesma dor, mas achamos que o modo de cobrar justiça é outro e vamos seguir cobrando. Também já temos um calendário e vamos nos organizar com as famílias para seguir as vigílias - acrescenta Carina.

Enquanto a associação promoveu o congresso para discutir questões judiciais, de saúde e prevenção a incêndio e organizou um culto ecumênico, o Luto à Luta espalhou outdoors de crítica ao poder público pela cidade, pintou 242 corpos em frente à boate, na madrugada de 27 de janeiro, e promoveu uma caminhada de protesto até a sede do Ministério Público em Santa Maria. Adherbal não foi à vigília e sua ausência foi sentida.
- Eu não fui porque estava muito cansado do congresso. Saí de lá às 22h, cheguei em casa e não tive forças para sair. Estava exausto - justificou o presidente da AVTSM.

A tragédia de Santa Maria ainda inspirou a criação de outras duas associações. O Mães de Janeiro também segue uma linha mais combativa. Nos eventos de um ano, o grupo se dividiu entre as ações promovidas pela AVTSM e pelo Luto à Luta. A associação Ahh... Muleke! tem um perfil mais assistencialista e, de sexta até domingo, promoveu uma doação de 250 brinquedos, um pedágio para a distribuição de fitas brancas, um jogo solidário para arrecadar alimentos, uma mateada, uma caminhada e uma missa.

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